A um dia do Oscar, Hollywood procura Banksy desesperadamente


Grafiteiro desconhecido espalhou obras pelos muros de Los Angeles.
Desenho dele, cujo documentário disputa estatueta, faz loja dobrar vendas.

Para ajudar a promover um filme no Oscar, estúdios e patrocinadores gastam milhões de dólares em marketing de todos os tipos. Para o artista britânico Banksy, cujo trabalho “Exit through the gift shop” concorre como melhor documentário, bastou fazer umas pequenas intervenções pela cidade de Los Angeles (EUA).

Obra intacta de Banksy em muro na Califórnia (Foto: Gustavo Miller/G1)Irmãos foram tirar fotos de obra intacta de Banksy em muro na Califórnia (Foto: Gustavo Miller/G1)

O grafiteiro desconhecido, que nunca revelou sua face, está espalhando seus estêncils pela cidade há duas semanas e provocando uma euforia entre os admiradores de sua arte de rua. Chega-se a quebrar o muro dos locais em que os desenhos aparecem para vendê-los depois na internet.

Tudo começou com uma intervenção realizada em um outdoor publicitário, com Mickey e Minni, bebendo e fumando enquanto se divertiam ao lado da imagem de uma modelo. A empresa do outdoor não aprovou a brincadeira e retirou a imagem exposta dentro de um posto de gasolina da Sunset Boulevard — ao contrário dos publicitários da Ligh Group, que criaram a propaganda.

“Achamos uma honra, na real”, declarou a porta-voz Beth Bartolini ao “Los Angeles Times”. Nada boba, a empresa pegou a imagem e anunciou que irá expô-la em Las Vegas.

Em seguida veio o desenho de um Charlie Brown incendiário, retratado atrás uma casa abandonada na mesma avenida. Um fã, sabendo do valor do trabalho, arrancou literalmente o bloco de parede e o vendeu no eBay por US$ 8.100 (veja o vídeo). Nada comparado a “Self portrait”, que em 2007 arrecadou mais de meio milhão de dólares, ou aos US$ 360 mil gastos por Angelina Jolie por algumas de suas obras.

Ele ganhou notoriedade por espalhar mensagens de grafites por muros e edifícios-ícones do mundo todo, incluindo o muro da Cisjordânia. O artista também colocou um boneco inflável representando um prisioneiro de Guantánamo na Disneylândia.

intervenção realizada em um outdoor publicitário, com Mickey e Minni (Foto: Divulgação)intervenção realizada em um outdoor publicitário, com Mickey e Minnie (Foto: Divulgação)

“Vi o seu documentário na aula de arte e adorei o seu trabalho. Seus comentários políticos são muito interessantes”, afirma o estudante Bryant Irawan, de 17 anos. Ele e a irmã caçula Stacey, de 14, foram tirar fotos nesta sexta-feira (25) do único trabalho de Banksy ainda intacto na cidade: a imagem de um garoto com uma metralhadora carregada de gizes de cera.

Todos admiram o trabalho de Banksy e não iremos removê-lo ou alterá-lo”
John Hauser, gerente da Urban Outfitters

O desenho, feito atrás da Urban Outfitters da avenida Westhood é o novo ponto turístico de Hollywood. Durante os 15 minutos que a reportagem do G1 permaneceu no local, mais de 20 pessoas foram até lá para se fotografarem ao lado do muro.

“Desde que o Banksy fez o retrato, há uma semana, o número de clientes aumentou em dobro”, explica John Hauser, gerente regional da loja de roupas. Por pouco isso não aconteceu: descontente com o grafite, o dono do imóvel pediu para jogarem tinta sobre o desenho.

“Nós intervimos e garantimos que o grafite continuasse no prédio. Todos da Urban admiram o trabalho de Banksy e não iremos removê-lo ou alterá-lo”, diz Hauser. Curiosamente, a loja já vende um livro do artista, com um best of de seus trabalhos.

Exit Through the Gift Shop Poster 	 (Foto: Divulgação)Banksy em ‘Exit through the gift shop’
(Foto: Divulgação)

Máscara não pode
Desde que o documentário “Exit through the gift shop” foi selecionado (o brasileiro “Lixo extraordinário” concorre na mesma categoria), ninguém sabe ao certo se Bansky irá aparecer ou não na cerimônia do Oscar. Como a Academia não aceitou que ele fosse mascarado, o artista não confirmou sua presença.

A polêmica sobre sua indicação vai além da figura do grafiteiro: não se sabe ao certo quem é o autor do longa. No doc, Banksy aparece escondido em sombras e tem a voz distorcida. O documentário acompanha o cinegrafista francês Thierry Guetta, que ficou obcecado por filmar artistas de rua como  Banksy.

Especula-se que ele, na verdade, seja um coletivo de artistas centralizado em uma única figura
Na quarta-feira (23), durante uma sessão dos documentários finalistas em Beverly Hills, o grafiteiro não apareceu e o produtor-executivo do filme, Jaimie D’Cruz, disse não ter a mínima ideia se ele estará na premiação.

Tendo como base as imagens que Banksy publica em seu site oficial, tudo leva a crer que não. Seus trabalhos mais recentes foram feitos na região de San Diego, também na Califórnia: a carreta de um caminhão abandonado ganhou a seguinte inscrição: “isso parece um pouco com um elefante”.

Em outra intervenção mais politizada, ele alterou uma placa que os americanos põem na fronteira com o México. A imagem mostra um homem atravessando uma rua correndo, segurando sua esposa e filha pelas mãos. Mais preconceituoso, impossível. Com Banksy, o homem ganhou uma pipa na mão, o que sugere a ideia de ele brincar com a família.

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